quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Novos livros...

Alguns desses livros comprei na livraria da travessa, outros lojas americanas ;p








Resenha: A Insônia do Vampiro - Ivan Jaf



A Insônia do Vampiro:  Passar as noites acordado não é um problema para o narrador desta história. Afinal, ele é um vampiro, e só pode sair em busca de sangue no escuro das madrugadas. O mal de que sofre é exatamente o oposto: passar os dias em claro, revirando-se no caixão! E o dia dura o dobro da noite - o que torna sua agonia duas vezes pior que a de um mortal. Na busca de cura, decide fazer análise. Ele sabe que escavar traumas de centenas de anos não vai ser fácil, sobretudo ao revolver dolorosas recordações de Portugal, sua terra natal... Nessas lembranças, vem à tona a amizade com um vampiro religioso que, em plena Lisboa do século XVIII, morde o pescoço de um indefeso bebê - o que geraria consequências tão tenebrosas quanto o ato. Nessa regressão, o narrador revive também momentos históricos, como a Grande Peste, o Terremoto de Lisboa e o surgimento do Iluminismo. Resta saber em que parte desse passado está enterrada a solução que dará fim ao tormento de seu presente. 


Opinião sobre esse livro:   Gostei quando o vampiro vai à psicóloga de noite e começa contar como era a vida dele em Lisboa. Encontrando um vampiro que foi  transformado do mesmo jeito que ele, descreve acontecimentos que ocorreram em quando está com Raimundo Pascoal.

                    No entanto, um fato muda o rumo da história: o grande terremoto de 1755, que assolou Lisboa. A cidade acabou sendo completamente destruída. E esse fato permitiu que a Igreja Católica começasse a ser questionada em Portugal, assim como permitiu a ascensão do Marquês de Pombal, o primeiro-ministro do rei D. José I e o déspota esclarecido (líder político que seguia os preceitos do Iluminismo em detrimento à cartilha absolutista) que comandou uma das maiores reformas administrativas em Portugal, no sentido de superar o obscurantismo da religiosidade. Reformas essas que acabaram se refletindo no Brasil, então colônia do império português.
                   Na tragédia do grande terremoto, o nosso vampiro perde o amigo Raimundo Pascoal, que acabou incinerado pelo sol quando a caverna onde estava sendo mantido refém desmoronou; mas as duas crianças sobrevivem em meio aos escombros - os pais morreram. Nas mãos da Igreja Católica, as crianças - uma humana, outra vampira - recebem tratamentos diferentes, a criança vampira foi encontrada bebendo sangue. Mas, como a criança vampira vai desenvolvendo um comportamento normal, as duas não podem mais servir como símbolos, um do bem e outro do mal. Aí, nosso vampiro rapta o bebê vampiro, mas quase não escapa de Rosa Loba e Morcegão, que sobreviveram ao terremoto e quase executam os dois. Quem evita o pior é Clemente, o vampiro que mordeu o nosso vampiro, portanto seu "pai". E é ele quem providencia o destino das duas crianças, que acabam sendo criadas em separado.
                   O vampiro acompanha o crescimento do garoto vampiro, Vicente, que se desenvolve normalmente, como uma criança mortal, durante a reconstrução de Lisboa. Nada aponta que Vicente seja vampiro, até que o agora rapaz descobre sobre seu irmão. E, ao sair para procurá-lo, as consequências são inesperadas. Nessa procura pelos motivos de sua insônia, o nosso vampiro vai desviando a vida e os costumes de Portugal no século XVIII. As descrições feitas por Jaf dos costumes fanáticos do povo e das execuções promovidas pela Inquisição Católica - bem como a execução em praça pública, por motivos pessoais e políticos, da família Távora, acusada de ordenar um atentado contra a vida do Rei D. José I, que era amante da esposa de um dos filhos do marquês de Távora - são bem escabrosas. Tudo para mostrar que, em matéria de horror, há algo bem pior que vampiros e lobisomens: a insanidade e o fanatismo da humanidade, capazes de promover coisas muito mais assustadoras que qualquer monstro.







Estrelas: (****)  Dou 4 estrelas pelos fatos históricos